Passo a Passo
1º Passo:
Localização
O critério “local-tema-método” é determinante para o sucesso da instalação. Assim, é fundamental garantir que estas 3 dimensões estão harmonizadas e que a sua inter-relação é clara para o visitante. Se possível, optar por uma área que ainda não seja muito trabalhada pelo Museu de forma a lhe acrescentar valor (colocar novos desafios ao serviço educativo). No caso da presente instalação, e tendo em conta que o Museu em causa é um antigo convento com uma série de edifícios complementares, optámos por dinamizar o antigo pombal, cujas caraterísticas físicas eram claramente as indicadas para trabalhar a chave “local-tema-método.”
Nota: Tire fotografia ao local e faça as devidas medições. Ambas são essenciais numa fase posterior do processo.
2º Passo:
Brainstorming
Depois de identificado o local e o conceito da instalação (supermercado de insetos), era necessário pensar na melhor forma de o concretizar. Assim, a equipa do projeto reunir-se para alicerçar a ideia no espaço que estava agora identificado.
Começou-se por contar o número de nichos para pombos que existiam no pombal e a sua dimensão; depois construímos uma tabela SWAT para identificar as vantagens e desvantagens da utilização do espaço. Esta tabela permitiu-nos identificar os principais obstáculos e, desde o inico, procurar uma solução para os atenuar (ex: Se o pombal tinha a vantagem de ser um local emblemático, onde a criatividade poderia ser uma mais-valia, a questão dos acessos era claramente uma grande desvantagem).
Nota: Fazer esta análise é uma forma excelente de reunir à partida um conjunto de soluções eficazes para o processo de implementação da instalação.
Reunimos de seguida com os designers, a quem apresentamos a nossa ideia de construir um supermercado de insetos, oferecendo também aos visitantes um conjunto de materiais para refletir sobre a temática, e que pudessem tocar e provar alguns dos insetos. A informação existente nesse local devia ser visualmente atrativa, ser forte clara e concisa.
3º Passo:
Que tipo de produtos?
Produtos informativos
Abordando a questão da alimentação, e mais especificamente os insetos enquanto alimento, era necessário garantir que a informação não criasse distanciamento com o tema, sobretudo repulsa, uma vez que é expectável que a maioria das pessoas não considere aceitável comer insetos. Assim, é necessário mostrar que os insetos podem ser nutritivos, uma fonte de alimentação para uma população em crescimento e uma solução ambiental credível.
Insectos
Falando de insetos era necessário criar alguma expetativa em torno da instalação. Através dos 5 sentidos queríamos reforçar a ideia de que os insetos não são grotescos. Como fazer isto tendo em conta as regras de higiene e segurança e o espaço em questão?
4º Passo:
Cronograma
Com a ideia definida, contactou-se os fornecedores que pudessem implementar a instalação e trazer valor à reflexão. Tendo em conta os meios físicos e financeiros é importante confrontar o que desejávamos fazer e o que podemos fazer. É também importante gerir os timings de todos os envolvidos e a data da inauguração da instalação (numa data em que a sua comunicação faça sentido para o grande público)
5º Passo:
Tudo o que queremos fazer e dizer
O que dizer: Já sabemos o que queremos fazer, como queremos fazer e agora é necessário fazer.
Pesquisa: De forma a ter dados sobre o tema corretos e atuais pesquisámos em sites reconhecidos pela sua credibilidade (capacidade de pesquisa e técnica). Se falamos dos ODM teremos de obrigatoriamente consultar a documentação das Nações Unidas (NU). Assim, recorremos aos motores de pesquisa das NU, em particular da Food and Agriculture Organization (FAO) e acedemos aos últimos relatórios publicados, em particular o relatório “Edible insects, Future prospects for food and feed report security”.
Como a instalação procura fomentar um debate, procurando uma visão critica sobre o tema em análise (os insetos não são uma fonte de alimentação credível para o futuro?) torna-se importante garantir que os materiais obtidos nas pesquisa sejam adequados para combater mitos e preconceitos que possam existir (que ainda são muitos); por vezes, influenciados por vídeos e fotografias, muitas pessoas consideram que comer insetos é apenas uma provocação e como tal não vêm nenhuma validade científica neste tipo de abordagem.
Redação: Usando os materiais pesquisados, torna-se necessário adequar a sua informação de forma a ser concisa (e não ser complexa) e capaz de causar impacto.
Um dos elementos da equipa a full time redigiu a versão de rascunho dos conteúdos, que depois foi partilhada, melhorada e aprovada pela restante equipa (4 elementos em part time). Este é um procedimento moroso, mas fundamental para garantir uma linguagem adequada e acessível a todos os públicos.
Título da instalação : Uma das funções mais importantes da mensagem é a de criar empatia no vistante. Assim, é importante criar um título para a instalação que lhe permita saber qual o assunto que se procura analisar. O título é também utilizado em todos os materiais de apoio criados para a futura dinamização da instalação.
6º Passo:
Materiais gráficos
Os produtos
A instalação está situada no pombal do Museu Municipal de Loures e procura lembrar os visitantes da necessidade de se apoiar causas e políticas que promovam um combate eficaz à pobreza e à insegurança alimentar.
Foram dois os desafios associados a esta instalação: o local da instalação e a desmitificação a fazer em relação aos insetos como fonte de alimentação.
Em relação ao local, e tratando-se de um pombal abandonado numa área nobre do Museu, foi necessário dar uma nova vida aquele espaço. Com um orçamento muito limitado por instalação, a opção foi colocar em cada um dos nichos do pombal (57 no total, com caixas de insetos) QR Codes que levavam o visitante a vídeos e relatórios sobre novas formas de alimentação, bem como fotos ilustrativas de insetos.
Vídeos dos QR-Code:
- Peter Menzel - Nutrition transition
- Marcel Dicke - Why not eat insects?
- Emma Bryce - Why don't we eat bugs?
- Arnold Von Huis - Eating insects
- Florence Hunkel - Eat less meat, more bugs
- Megan Miller - Are insects the future of food?
Contudo, desejava-se oferecer uma experiência aos visitantes, uma atividade mais imersiva no mundo da alimentação de insetos. Assim, e com base na pesquisa já desenvolvida, contactámos a investigadora e professora da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do Instituto Politécnico de Leiria, Patrícia Borges, que trabalha o tema da alimentação baseada em farinha de insetos como resposta aos desafios alimentares.
Para esta investigadora, uma tabela nutricional que evidenciasse o valor nutricional de alguns tipos de insetos seria uma mais-valia para a instalação. Assim, e apesar deste produto não estar inicialmente previso, considerámos que seria uma mais valia a criação dessa tabela, em formato de infografia, que permitisse ao visitante esclarecer algumas dúvidas sem ter de recorrer aos vídeos ou ao folheto.
Essa tabela (anexo) permite comparar 100 gr de carne de vaca com 100 gr de gafanhoto, e 100 gramas de tenébrios.
O Folheto
O folheto deve ter uma ligação visual forte à temática em análise. Assim, este foi concebido em tons amarelos de forma a corresponder ao tom do ícone oficial do ODM. Em termos de estrutura, o folheto é impresso em A3 e dobrável em 6 seções, de forma a permitir que o verso do mesmo tenha uma imagem A3 para servir de poster. A face do poster continha:
Uma foto de um pessoa junto de um recipiente com arroz
O nome da instalação
O QR CODE direcionado para o facebook do projeto.
O interior do folheto contém as normas de visibilidade exigidas.
No folheto podemos também encontrar uma linha temporal dos progressos em matéria de redução de fome no mundo, dos desafios que há que dar resposta e soluções que a comunidade internacional pode adotar. Incluiu-se também um texto sobre uma das questões mais atuais da agenda internacional, o do desperdício alimentar, focando os impactos que este acarreta a nível financeiro e ambiental.
No folheto faz-se a ligação entre o local da instalação e o tema, fornecendo-se ideias para a ação. Para isso, os sites referidos no folheto são:
Confederação nacional das instituições de solidariedade (CNIS): www.cnis.pt
Re-Food : www.re-food.org
Programa Alimentar Mundial : www.wfp.org/
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura: www.fao.org
Garantir que a ligação entre a dimensão local e a internacional é abordada é uma prioridade: assim, há uma identificação clara de que se trata de uma questão glocal (global + local) e fornece-se sites nacionais e internacionais. O folheto contêm ainda uma frase de incentivo à ação, mostrando que como individuo podemos fazer a diferença.
Insectos: Mitos vs Realidade
Ao testarmos internamente a mensagem, depressa compreendemos que identificar insetos como fonte de alimentação era algo que não era aceite de forma imediata. Persistiam muitos mitos. Pensámos então em criar uma simples tabela onde os mitos fossem confrontados com a realidade. Reunimos então um conjunto de mitos e a realidade sobre a alimentação á base de insetos e solicitámos à equipa de designers que transformasse essa informação num documento com um design semelhante aos restantes materiais gráficos. Essa folha de informação, foi impressa, plastificada e disponibilizada no pombal. Mais importante foi disseminada digitalmente o mais amplamente possível.
Nota: uma das formas de fazer corresponder o que pretende com o que obtém em termos de design é redigir um briefing muito claro, ou optar por conceber o que pretende através de um esquema, com a informação toda redigida.
Totem
De forma a preservar a mobilidade dos visitantes dentro do espaço não se tornou possível colocar no seu interior o totem (a estrutura para suporte dos folhetos). Assim, a equipa de designers sugeriu-nos a colocação de uma pequena bolsa em acrílico onde a informação Mito vs Realidade e o folheto pudessem ser disponibilizados ao público para leitura
Nota: Uma vez que só imprimimos uma folha mito vs realidade foi necessário colocar uma etiqueta identificado que se tratava de material de consulta.
Placa de Sinalização
É fundamental criar uma placa de sinalização junto da instalação, alertando o visitante que naquele local se encontra algo inovador. A placa foi criada em K-line.
Tela
Todos os museus têm um mapa que indica as salas e as respetivas exposições. Assim decidiu-se criar um mapa do espaço em que as instalações iam sendo colocadas à medida que fossem implementadas.
Uma pequena nota: Uma vez que é um processo morosa, e por questões ambientais, a melhor opção é aguardar que todas as instalações estejam colocadas e só no final imprimir a tela. Reduz os custos e os impactos ambientais.
7º Passo:
Implementação da instalação
Imprimido todo o material montou-se a instalação na véspera da sua inauguração (dia Mundial da Alimentação). Tendo o pombal 3 filas de nichos (ver foto) distribuíram-se os materiais da seguinte forma: uma foto no nicho da fila de cima, o QR Code no respetivo nicho da fila do meio e a caixa de insetos no nicho da fila de baixo.
Assim visualmente distribuímos a informação harmoniosamente pelos 3 níveis de nichos do pombal.
No centro do pombal fixámos a tabela nutricional impressa em K-Line. Como é um material muito leve é fácil proceder à sua colocação
Pretendendo-se conhecer o impacto da instalação nos visitantes, procurou-se oferecer-lhes um mecanismo de feedback. Usando um “sistema manual”, colocámos dois fracos de vidro no interior do pombal, estando um dos frascos vazio e com a frase ” Coloque o seu voto” escrito na tampa e o outro com pequenas pedras que os visitantes podem retirar e colocar no primeiro frasco no caso de terem apreciado a instalação.
Nota: É necessário identificar junto do staff do Museu como é feita a recolha e a análise da informação. Igualmente importante é garantir que etiquetas com as regras de visibilidade são coladas em todos os materiais comprados no âmbito do projeto e garantir que o modelo de avaliação é coerente com outros sistemas de avaliação que possam já existir.
8º Passo:
Plano de Comunicação e Disseminação
Foi estabelecido um plano de comunicação para reforço do projeto e de cada instalação em particular. Identificaram-se instituições chave a contactar, o meio e o tipo de mensagem a passar.
Nos dias anteriores à data escolhida para a inauguração da instalação fomos disseminando fotos e relatórios sobre o tema na página de Facebook (Connected for a Better World) para criar o momentum
Facebook Connected for a Better World
Com um forte grau de utilização em Portugal, o Facebook é por excelência um meio de comunicação. A data escolhida foi intencional de forma a reforçar a informação disponibilizada, neste caso o Dia Mundial da Alimentação.
Reforçamos que o material de pesquisa recolhido para o folheto, bem como algumas das provas enviadas pelos designers são materiais obrigatórios de usar no facebook, facilitando a tarefa do responsável da comunicação e salvaguardando a coerência de abordagem à temática.
Media
É necessário compreender o impacto que a nossa instalação tem na agenda dos media. Apesar disso devemos insistir na elaboração e no envio de press releases para os media, sobretudo os locais.
Flash Email
Para potenciar a divulgação da instalação foi criado um Email flash contendo a imagem do poster da instalação, uma breve mensagem, informação sumária do projeto e dos financiadores
Para potenciar a divulgação da instalação foi criado um Email flash contendo a imagem do poster da instalação,
No dia da inauguração e nas semanas seguintes foram colocados post e fotos alusivos ao ODM 4.
Também se solicitou às instituições parceiras que divulgassem o projeto no seu website institucional. A facilidade de cada instituição cumprir este objetivo está muito dependente das suas dinâmicas internas. O IMVF, sendo uma ONGD e a instituição coordenadora do projeto a nível nacional, foi aquela que teve mais facilidade em cumprir este objetivo. Já as instituições públicas têm orgânicas complexas levando a que a divulgação de notícias nos seus websites esteja dependente de muitos fatores.
Pediu-se também a todas as instituições parceiras a divulgação do projeto utilizando todos os canais à sua disposição, incluindo redes e parcerias internacionais.
9º Passo:
Inauguração da instalação
Convites
Coordenar entre parceiros os convites que se quer fazer (e a quem se pretende que esteja presente na inauguração da instalação). É necessário registar o momento e se possível obter algumas declarações. Se optar por não fazer uma inauguração formal convide sempre os membros da equipa para conhecerem a instalação.