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Escravatura Moderna

Pessoas descartáveis

 

Sumário

Esta instalação do projeto Museu Mundial colocada no Museu de História Natural de Nuremberga tem como objetivo focar  o tema da escravidão nos nossos dias. Em todo o mundo milhões de pessoas vivem em condições de escravidão moderna. Algumas são reminiscência de formas mais antigas de escravidão como na Mauritânia, outras representam as formas de trabalho forçado e outras prendem-se com o trabalho forçado de crianças. Esta instalação chama a atenção do visitante para formas de trabalho forçado ligados à produção de bens de consumo na Alemanha. De que forma é que a escravidão moderna afecta as nossas vidas?

No museu a instalação apresenta um diorama de uma situação de caça de escravos(conforme imaginada no século XIX e representada numa figura de estanho produzida em Nuremberga) e em frente a uma vitrine com grilhetas, que foram utilizadas no tráfico de escravos, marfim e óleo de palma.

Detalhes

  • A principal característica da instalação é um ecrã interativo que mimetiza uma máquina de venda automática que disponibiliza 9 itens de uso diário, como cosméticos, chocolates ou smartphones, mas também lápides ou capacetes de trabalho para imigrantes na União Europeia em situação de abuso. Quando um visitante seleciona um destes objetos este é automaticamente adicionado a um carrinho de compras virtual onde é possível obter mais informação sobre as condições de produção.
  • O décimo item na máquina de venda automática, um globo terreste, comporta mais informação relevante e dados estatísticos em diferentes níveis.
  • Sob o ecrã interativo, há um nicho que apresenta algumas grilhetas (dinheiro escravo) que podem ser tocados pelos visitantes.
  • Uma tabela informativa apresenta uma definição de escravatura e oferece uma visão geral sobre o "preço" dos escravos. Revelando que os escravos de hoje são, de longe, mais baratos do que os seus antecessores.
  • Medidas da instalação: 700mm de largura, 490mm de profundidade e 2350 mm de altura.
  • Esta ferramenta sensibliza para o Objetivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) 1 ("Erradicar a Pobreza Extrema e a Fome") e ODM 8 ("Estabelecer uma Parceria global para o Desenvolvimento"). Refere-se também ao tema da educação, o que é negado às crianças que trabalham e às questões de saúde (ODM 2 + ODM 5 + 6).
Übersicht_Textil
Screen_Slavery
Globe_Slavery
Manillen_Slavery

    Orçamento + recursos

    Orçamento necessário:

    Estrutura em madeira de apoio ao computador e instalação na exposição, nicho para grilhetas, vitrina em madeira

    600 €

    Projeto do ecrã interativo + layout de texto para a informação

    600 €

    Computador e programação

    1420 €

    Impressão e folha anexa à Instalação

    120 €

    Grilhetas

    no Museu (parte da coleção)

    Total

    2740 €

    Passo a Passo

    1º passo:

    Primeiro orientação

    Visite o museu em que está a trabalhar e obtenha uma visão geral sobre a exposição.

    2º passo:

    Seleção de conteúdo

    Escolher o objeto e tema que você deseja trabalhar ao mesmo tempo. A forma de cada ferramenta depende muito do museu e dos objetos. Algumas tipologias de objetos para este tema da Educação para o Desenvolvimento têm a ver com aspetos relacionados com a escravidão ao longo da História. No entanto quaisquer produtos específicos ou objetos que envolvam o trabalho escravo serviriam o mesmo propósito. Outros temas podem relacionar as crianças com o mundo do trabalho, como é o caso da agricultura.

    Foque a sua energia em criar uma conexão compreensível e acessível para os objetos existentes.
    → Tente ficar o mais próximo possível do foco temático do objeto com o qual vai trabalhar. Desenhe ligações para a região, os atores locais e certifique-se que se adapta ao estilo e ao tom de contar histórias já em uso (se for o caso) através do objeto.

    Escolha um aspeto do tema da Educação para o Desenvolvimento que seja em simultâneo complexo e suficientemente bem definido. Decida se quer oferecer uma visão geral ou destacar uma mercadoria especial? Pense se gostaria ou não de se concentrar numa determinada parte da história? Qual? Pode muito bem ser um retrato individual de uma pessoa que é vítima de escravidão. Tenha em mente que há uma conexão para nós como consumidores através produtos que são fabricados sob condições de trabalho escravo ou forçado.

    Desenvolva métodos interessantes que podem ser usados na fase de execução da ideia. Verifique quanto espaço físico tem disponível no museu e que instalações técnicas este pode oferecer, pense sobre o tipo de visitante que deseja abordar e qual quantidade de dinheiro disponível pode investir.
    → Pensar pequeno, começar pequeno. Durante o processo de implementação ideias adicionais aparecem por isso deve estar preparado para investir mais!

    3º passo:

    Plano de trabalho

    Faça um primeiro esboço da ideia, discuta as suas ideias com os seus parceiros. Deve incluir nesta fase um plano de custos por forma a avaliar a viabilidade das ideias. Deve incluir também um calendário para o processo de implementação. Verifique que envia a versão final todos os parceiros.

    4º passo:

    Subcontratação

    Peça estimativas de custo para cada etapa da produção. Tentar obter várias estimativas de custo para cada um dos passos de forma a poder escolher a melhor oferta. Tente obter recomendações e verifique se já trabalharam em museus. Compare o total de estimativas de custo com o seu plano de orçamento inicial e proceda a ajustes, se necessário. Escolha os seus parceiros de trabalho e fazer indique nomes e tarefas com prazos bem definidos para produção. É aconselhável que o carpinteiro possa deslocar-se ao museu e de modo a verificar in loco todas as condicionantes sobre o espaço físico onde a ferramenta vai ser colocada. Tenha em atenção que vai ser necessário usar eletricidade (ecrã táctil) assim como de uma abertura para as operações de manutenção do computador.

    → Instalações que envolvam aplicações, programação informática e ecrã interativo diferem consideravelmente em termos de preço. Verifique que existe um equilíbrio entre as reais possibilidades de utilização, a durabilidade e o preço. Há eletricidade naquele local? O museu dispõe de rede wi-fi? Quantos níveis de informação precisamos? E que tipo de animação? Quantos visitantes tem o museu? Quantos anos têm (em média)? Quanto tempo demora a carregar a aplicação? Que tipo de computador é adequado? É possível desativar todos os mecanismos que possam pôr em perigo o funcionamento da ferramenta? Como é que se procede para ligar e desligar o computador? O que acontece se houver um apagão? Como é que se liga tudo, à parede? É nesta fase que os carpinteiros (e os outros especialistas) entram em jogo.

    → Faça um modelo ou uma versão de teste de toda a ferramenta, caso seja foi possível. Note que é muito importante verificar a altura do ecrã. Lembre-se que deve ficar ao nível dos olhos, pois a perspetiva e a leitura são melhores. Faça a pergunta é possível ver e tocar no ecrã se estiver numa cadeira de rodas? Tente encontrar uma solução de compromisso. No nosso caso, isso significava 1.200 milímetros acima do nível do solo.

    5º passo:

    Elaboração de conteúdo

    Componha os conteúdos para o ecrã interativo e a tabela com informação clara e precisa. Peça aos seus parceiros para corrigir esta primeira versão e tente esclarecer quaisquer mal-entendidos nesta fase.

    6º passo:

    Material gráfico

    Escolha imagens e gráficos que sublinham o conteúdo. Pergunte aos proprietários (direitos de autor) se pode usar os materiais para fins educacionais. Encontramos uma série de fotografias interessantes no flickr, nos sites dos Fairphone e Terre des Hommes. Todas as organizações foram muito generosas e acederam ao nosso pedido, partilhando o seu material. Noutros casos pode ter que pagar para usar, lembre-se que alguns são fotógrafos freelancers e precisam de obter rendimento pelo seu trabalho!

    7º passo:

    Projeto de conteúdos para ecrã interativo, tabelas informáticas e respetiva correção

    Finalize todos os conteúdos e indique os diferentes níveis de informação para o ecrã interativo.

    Correção dos conteúdos: lembre-se que vários ciclos de correção trazem vantagens para o produto final, conferindo-lhe um ar mais profissional. Solicite 2 ou 3 etapas de correção.
    → Identifique pessoas que representam o museu e que necessitam dar autorização para o produto final. Tente manter o círculo de pessoas envolvidas reduzido, de modo a economizar tempo. Promova um processo de correção que seja transparente para todos os intervenientes.

    8º passo:

    Animação e programação do PC/ecrã interativo

    Enviar as minutas das tabelas com os diferentes quadros para a pessoa responsável pela programação. Posteriormente o programador vai enviar-lhe imagens e/ou filmes de animação e avançar com novo ciclo de correção. É preciso ter atenção a forma como o computador é iniciado diariamente. No nosso caso, ficou diretamente dependente da eletricidade central do museu, ficando ligado ou desligado em conformidade.

    9º passo:

    Finalizando a carpintaria

    Leve o computador para o carpinteiro, de modo a que seja produzida uma “moldura” para encaixar o ecrã. Verifique se o mesmo é acessível para as operações de manutenção.

    10º passo:

    Finalizar a ferramenta e instalação no museu

    Verifique que todos os componentes da instalação e objetos do museu que podem ser manipulados pelos visitantes se encontram num local apropriado, presos com fio de aço revestido. A melhor opção é o fio que se volta a enrolar sobre si mesmo.

    Finalmente, coloque sobre a folha impressa que dá o título a esta instalação, algumas informações adicionais e uma explicação sobre os objetos que podem ser manipulados pelos visitantes.

    Fixe o suporte de madeira para o lugar apropriado e designado. Certifique-se de que o mesmo ficou bem seguro e não apresenta quaisquer riscos para os visitantes.

     

    Avaliação

    Pontos Positivos e Negativos

    Positivos

    • A instalação dispõe de elementos para interativos com os visitantes, o que a torna mais atraente. Dispõe ainda de objetos de coleção que podem ser manipulados, os visitantes são convidados a dar olhar mais de perto para os objetos na vitrina adjacente.
    • É uma estrutura estreita ocupando pouco espaço.
    • Exibe muito pouco texto com informação "óbvia". Portanto, não assusta os visitantes; antes permite aos têm interesse a possibilidade a mergulhar mais a fundo no temaencontrando mais informação noutros níveis.

    Negativos

    • Necessita de uma atualização regular.

    Lições aprendidas:

    Recorremos ao serviço municipal para obter o trabalho de carpintaria em linha com o orçamento apertado. A vantagem para o museu: a produção é mais barata. A desvantagem é que se tornou difícil fixar um calendário para a conclusão. O que poderia ter sido uma razão para os atrasos.

    Comentários d@s visitantes

    • Foi classificada como a melhor instalação comparativamente com as restantes.
    • Para alguns visitantes, a instalação já estava um pouco tecnológica técnica.

    Links da Internet + outras fontes

    Bales, Kevin, Disposable People: Novos Escravos na Economia Global, Updated with a New Preface, University of Californiy Press, 2012

    TED-Talk - Kevin Bales:

    www.ted.com/talks/kevin_bales_how_to_combat_modern_slavery?language=en

    Coleção de fotografias de  Lisa Kristine:

    www.ideas.ted.com/2014/06/26/images_of_modern_slavery/

    Unicef: Informação estatística do estado mundial sobre a situação das crianças 

    www.unicef.org/infobycountry/

    Walk Free Foundation: Indíce Global de Escravos

    www.globalslaveryindex.org

    Pegada da Escravatura/ Slavery footprint: Quer saber quantos escravos trabalham para si? 

    www.slaveryfootprint.org

    Terre des hommes: Relatório sobre trabalho infantil ,  Terre des Hommes, 2014

    www.terredeshommes.org/wp-content/uploads/2014/06/140610_Child-labour_at-12-years-a-slave_FINAL.pdf

    Este website é cofinanciado pela União Europeia e apoiado pelo Camões - ICL. Os conteúdos deste website são da exclusiva responsabilidade dos parceiros do projeto Museu Mundial e não podem, em caso algum, ser considerado como expressão das posições da União Europeia.


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